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MídiaBB Asset e JGP fazem acordo para criação de nova gestora focada em fundos ESG
Toda a equipe de inteligência ESG da JGP será transferida para a nova empresa
Por Liane Thedim, Valor — Rio
A BB Asset e a JGP anunciaram nesta segunda-feira (22) a criação de uma gestora focada na estruturação e gestão de fundos sustentáveis. O objetivo é ampliar a oferta desses produtos para investidores nacionais e estrangeiros.
O acordo comercial foi assinado por meio de instrumento de dívida conversível em ações. Segundo as duas empresas, a gestora terá estrutura física separada, com equipe própria e mandato exclusivo para o desenvolvimento de produtos e estratégias.
Inicialmente, informam, toda a equipe de inteligência ESG da JGP será transferida, e as equipes de gestão da JGP prestarão apoio na criação de uma filosofia de investimentos exclusiva. A BB Asset atuará como uma parceira comercial na distribuição dos produtos.
À frente da nova gestora estarão dois sócios da JGP, Márcio Correia, gestor dos fundos de ações, e Alexandre Muller, de crédito. José Pugas, chefe de Sustentabilidade da JGP, será transferido para a nova estrutura.
A BB Asset informa que não cederá profissionais. A gestora do Banco do Brasil é a maior do país, com 2,75 milhões de cotistas e R$ 1,5 trilhão sob administração. Já a JGP, que tem mais de R$ 35 bilhões sob gestão, completou 25 anos de fundação em 2023 e hoje é referência no país em ESG (sigla em inglês representa sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa) entre as gestoras independentes.
“Estamos unindo forças para estabelecer um novo padrão em investimentos responsáveis”, afirma Denísio Liberato, CEO da BB Asset. Para ele, diante da necessidade de descarbonização dos portfólios, o Brasil pode se tornar um “protagonista no cenário como ofertante natural de ativos para a transição ecológica.”
No Brasil, o mercado ESG engatinha: estudos mostram que o país tem pouco mais de 200 fundos enquadrados nas práticas sustentáveis, enquanto Europa tem mais de 5 mil e Estados Unidos, 600. As estimativas são de que a transição global para padrões compatíveis com o Acordo de Paris demandará de US$ 5 trilhões a US$ 7 trilhões por ano até 2050.
Relatório da McKinsey calcula que, até 2050, as gestoras serão responsáveis por oferecer de US$ 950 bilhões a US$ 1,5 trilhão por ano em oportunidades ligadas ao clima no mundo.
Liberato assumiu o cargo em julho do ano passado e, na ocasião, declarou ao Valor que sua gestão seria concentrada no desenvolvimento da atuação da instituição em ESG, como um “hub” de investimentos para atrair grandes fundos de pensão, seguradoras e fundos soberanos estrangeiros. Com o novo acordo, a ideia é combinar o “canhão de vendas” da BB Asset, que são principalmente as agências do BB, com a experiência de estruturação e gestão de produtos complexos de finanças sustentáveis da JGP.
O CEO da BB Asset faz parte, desde 2022, do colegiado da iniciativa Princípios para o Investimento Responsável, da Organização das Nações Unidas (ONU), como único representante da América Latina na iniciativa da ONU, e tem contato com as principais instituições do segmento. O programa foi criado em 2006 e tem mais de 3 mil signatários, com ativos sob gestão que ultrapassam US$ 130 trilhões, comprometidos com as áreas de direitos humanos, trabalhistas, meio ambiente e anticorrupção.
O conselho se reúne uma vez por mês para discussões e, uma vez por ano, os membros mostram como estão suas alocações de recursos e o caminho que estão percorrendo para ampliar os investimentos sustentáveis.
Alexandre Muller, sócio e gestor dos fundos de crédito da JGP, diz que o Brasil conjuga fatores que o diferenciam no segmento ESG, como enorme biodiversidade, amplas regiões inseridas em economias verdes, empresas pioneiras em energia renovável e um sofisticado mercado de capitais.
“A nova parceria será posicionada para a criação de produtos financeiros considerando o grande potencial que o Brasil dispõe para se consolidar como uma referência internacional em investimentos alinhados a objetivos sustentáveis.”
Já André Jakurski, fundador da JGP, ressalta, em comunicado oficial, que, para que o país seja relevante na transição para uma economia de baixo carbono e uma sociedade mais igualitária, mercado financeiro local precisa inovar, com financiamentos e engajamento ativo.
“Uma parceria estratégica entre JGP e BB Asset, com foco em sustentabilidade, tem um potencial extraordinário de oferecer produtos que combinem retornos financeiros diferenciados e geração de impacto, em escala e com riscos controlados”.
Em agosto, o Banco do Brasil lançou a Agenda 30 BB, plano de sustentabilidade composto por 47 ações e 100 indicadores, cuja meta é superar R$ 20 bilhões em fundos de investimentos sustentáveis até 2030.
Também no comunicado oficial, Tarciana Medeiros, presidente a instituição, afirma que a parceria impulsionará o cumprimento dos objetivos. “Recentemente, lançamos o ETF IDiversa (DVER 11) para investidores que desejam investir em empresas mais diversas. Agora, esta nova parceria agrega ainda mais em nossa atuação que tem colocado o ASG de forma estratégica e transversal em toda a empresa”, complementa.
Na última semana, o BB foi considerado o banco mais sustentável do mundo no ranking das 100 Empresas Globais Mais Sustentáveis do Mundo – Global 100, elaborado pela Corporate Knights, líder mundial em pesquisa em economia sustentável, que avalia quase 7 mil empresas de capital aberto com receitas brutas superiores a US$ 1 bilhão.