Comunicação
MídiaVerde, SPX e JGP Capital veem tendência pró emergentes favorecendo o Brasil
Jakurski, da JGP, diz que Selic deveria cair, no mínimo, para 13% ou 12% em 2026, mesmo com expansão dos gastos do governo em ano eleitoral, uma “tradição” no Brasil.
A forte valorização dos ativos locais no ano, com Ibovespa em alta e real ganhando espaço frente ao dólar, mesmo com os juros domésticos em 15% ao ano, foi destaque no tradicional painel do evento BTG Macro Day, que reúne três figuras icônicas no universo dos gestores. André Jakurski, da JGP, Luís Stuhlberger, da Verde Asset, e Rogério Xavier, da SPX Capital, deram um tom otimista, ao menos no curto prazo, quando o assunto foi a tendência para ativos domésticos. A recorrente preocupação com o tema fiscal abriu espaço para visões mais ponderadas sobre os mercados.
Para Xavier, sócio-fundador da SPX, independentemente do vencedor das próximas eleições, o tema fiscal terá que ser mais bem endereçado no próximo governo. “Como o próprio Haddad (Fernando Haddad) disse, o arcabouço fiscal não foi suficiente. Temos um encontro marcado com 2027, pois será necessário fazer um ajuste fiscal, seja o Lula ou outro candidato que vencer”, afirmou, acrescentando que apesar dos esforços do Haddad para equilibrar as contas, a máquina ao redor impede, iniciativas do Congresso e de parte do governo. “Apareceu uma possibilidade de alternância, não de poder, mas de política econômica. Tanto Lula, se ganhar, ou alguém de centro-direita, precisará fazer um ajuste fiscal sério.”
Questionado por André Esteves, chairman e sócio sênior do BTG Pactual, que comandava o painel, sobre alguma irracionalidade na melhora dos ativos domésticos, Xavier afirmou que “os mercados estão corretos”. “Segue o exterior exuberante. Caem juros em outros mercados, no Brasil mesmo com política monetária apertada, há sinais de inflexão no mercado de trabalho, economia desacelerando, o que colabora no movimento.”
Xavier lembrou a forte valorização recente das bolsas globais. “Dado de sexta-feira passada, variação em dólar da bolsa do Peru, 40%. México, 40%, Brasil, 40%. Papo encerrado, é um movimento global. É uma força para mercado emergente.” E acrescentou: “Os grandes alocadores globais decidiram que o mercado emergente é bom. Vai ver a pancada que a bolsa da China deu. Há dois anos todo mundo dizia que a China era não investible, não investível. Agora está todo mundo correndo para a China.”
Para Jakurski, da JGP, os juros domésticos deveriam cair no mínimo 2 ou 3 pontos percentuais, para a casa dos 13% ou 12% em 2026, ponderando que como ocorre em outros governos em ano eleitoral, acontecerá uma expansão dos gastos do governo “razoável, como é tradição no Brasil”. “Não tenho uma visão clara do que acontecerá.”
Stuhlberger, da Verde Asset, também se referindo ao processo eleitoral, diz que a eleição envolvendo 2026 será “a mais binária de todas” e os preços pagos nos ativos para os investidores se protegerem dos riscos da eleição neste momento, estão baixos. “Hoje, o cenário é 50 a 50, que parece correto (preços) na bolsa, no câmbio, ou na renda fixa”, disse Stuhlberger, acrescentando que montar proteções neste momento está barato. “Uma opção de cenário de cauda (proteção contra riscos) paga só 7%, o que parece muito baixo. O mercado não está considerando um cenário de cauda pavoroso nesses preços. Parece que o mercado está errado com esse cenário binário que se apresenta, com a dívida PIB chegando a 100%”, afirmou.
Um risco real destacado por Rogerio Xavier está no mercado de crédito, cujos spreads estão nas mínimas. “A dicotomia está entre Wall Street e Main Street. O mercado de trabalho nos Estados Unidos está perdendo dinamismo, e não é de hoje, há pelo menos dois anos. É um sinal preocupante. Para onde irá a economia mundial.”
Jakurski, da JGP, lembrou as últimas crises globais, como pontocom, anos 2000, e subprime, 2008, foram causadas pelo mercado financeiro. “Eu tenho certeza de que a próxima, quando houver, será causada pelo mercado financeiro. Hoje, volume aplicado em private equity, mas principalmente em private debt, pode causar um problema com ricochete em cima dos bancos. Eles estão financiando muito as empresas que fazem credito privado”, comentou Jakurski.