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O CRA do açaí: JGP ancora primeira oferta da Oakberry

|26.10.2022

Companhia levantou R$ 50 milhões para a compra de açaí de ribeirinhos, terá nova fábrica e lojas próprias

Por Maria Luíza Filgueiras —

A Oakberry, rede especializada em açaí com 600 pontos de venda no mundo, acaba de levantar R$ 50 milhões em sua primeira emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A operação coordenada pelo Bradesco e com métricas de sustentabilidade foi ancorada por fundos da gestora JGP.

Com prazo de cinco anos e um ano e meio de carência, o CRA saiu a CDI mais 2,3%. “É uma taxa competitiva para uma companhia que está estreando no mercado de capitais”, avalia o CFO, Gustavo Janer. A rodada de dívida sucede uma rodada de equity feita pela companhia em dezembro do ano passado, quando levantou R$ 84 milhões com dois fundos de participação estruturados pela Kilima Asset e pela Monte Bravo. Um dos investidores por meio dos fundos foi o grupo Semenzato, especialista em franquias.

As duas capitalizações financiam a verticalização da Oakberry. Em junho deste ano, a empresa comprou sua primeira fábrica no Pará, perto da floresta de onde compra a fruta e próxima ao porto que escoa a venda internacional para suprir os estoques dos franqueados. Agora, está fechando uma segunda fábrica no Centro-Oeste, cuja produção ficará mais focada no mercado local.

A capacidade de oito mil toneladas da primeira fábrica já supre a produção necessária até o final de 2023, mas a segunda fábrica adiciona capacidade para viabilizar o plano de expansão da companhia, cobrindo a demanda até 2030. O supply chain é comandado por Nessim Abadi e Alexandre Trita, dois executivos oriundos do Pátria que atuaram na Frooty, a empresa de açaí no portfólio do private equity.

A companhia também vai usar parte do capital para investir em lojas próprias, ainda que as franquias continuem a ser o carro-chefe. “Não é que mudou o modelo de crescimento, mas hoje a gente tem time e capital para investir em lojas próprias também, importantes para o posicionamento da marca”, diz Georgios Frangulis, o fundador e CEO.

Criada em 2016, a Oakberry caminhou até 2019 basicamente como uma franqueadora brasileira, com 200 lojas concentradas no país. Foi quando definiu um plano de crescimento internacional, que nem a pandemia freou. A Oakberry entrou neste ano com lojas em 30 países e vai fechar dezembro com presença em 40 países – são 400 no Brasil e 200 no exterior, com faturamento anual beirando os R$ 500 milhões.

“Foi uma expansão grande em um período curto, que fez a companhia mudar de patamar. Sempre imaginamos que as lojas teriam boa aceitação no exterior, mas a performance surpreendeu”, diz o CEO. “A gente vai melhor inclusive onde o mercado já consumia açaí e chegamos como uma marca melhor, que não é a bomba de açúcar. Forest to bowl”, emenda Janer.

Na modelagem comercial da franquia, uma loja chegaria a uma venda mensal média de US$ 25 mil a US$ 30 mil em 25 meses. A média internacional tem sido de US$ 40 mil por loja/mês, mesmo com lojas novas. Em outliers como Catar e Austrália, as lojas chegam a faturar US$ 100 mil mensais.

“O que move a engrenagem é o franqueado, na ponta, ter retorno. O investimento por loja numa Oakberry fora do país fica na casa de US$ 100 mil a US$ 130 mil, com margem Ebitda comparável às melhores franquias do mundo, de 23%. O payback tem sido em quase metade do tempo hoje do que estimávamos na maioria das lojas”, diz o CFO.

A companhia tem contratos de joint venture com master franqueados para avançar em países como Portugal, Espanha e Canadá. A Oakberry também tem investido na equipe nos Estados Unidos e na Europa. Há dois meses, contratou Leandro Gasparin, que era VP de franquias da rede de fast-food americana Popeyes, para liderar o crescimento na América do Norte.

A rede quer abrir em média 100 a 150 lojas por ano no Brasil e 250 a 300 no exterior. “Em cinco anos, com o ritmo contratado, queremos ser uma grande franqueadora internacional. Vemos espaço para 2,5 mil a 3 mil lojas no mundo”, diz Janer.

Quem come tanto açaí? “Aumentamos nosso público ao não criar estereótipos de consumidor. Muita gente tentou vender açaí colocando no mercado como uma alternativa para o esportista, o lutador, criando barreiras para disponibilizar como alimento para todo mundo, no lanche da tarde, substituindo almoço, como sobremesa ou café da manhã”, diz o fundador.

A companhia avalia hoje que um caminho natural será uma listagem em bolsa no mercado americano, considerando a composição de receita já 70% no exterior, um modelo de negócio sustentável que tem apelo com fundos globais e o ritmo de crescimento, dobrando de tamanho a cada ano. No cronograma, uma rodada pré-IPO deve acontecer numa janela de 12 meses.

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