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CRA ‘verde’ financiará produção de babaçu

|11.10.2022

Tobasa, pioneira no processamento integral do coco da espécie, levantou R$ 32 milhões com a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio.

Por Rafael Walendorff — De Brasília

Uma operação inédita no mercado de capitais brasileiro vai fomentar a cadeia produtiva de coco de babaçu no Norte do país e deve proporcionar renda para 1,5 mil famílias agroextrativistas, que coletam o fruto caído de uma palmeira típica da região amazônica e sobrevivem daquilo que as florestas nativas em pé proporcionam.

A Tobasa, pioneira no processamento integral do coco de babaçu, levantou R$ 32 milhões com a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) Verde, o primeiro do país voltado à bioeconomia e ao extrativismo sustentável de floresta nativa.

A securitizadora Ecoagro estruturou a emissão, que contou com a opinião de segunda parte da consultoria NINT (ex-Sitawi). A gestora JGP foi a investidora-âncora.

Moacir Teixeira, sócio-fundador da Ecoagro, disse que a operação pode ser vitrine das oportunidades que existem no país em termos de conservação da biodiversidade e de transformação socioeconômica de comunidades extrativistas a partir das finanças sustentáveis. “A operação tem potencial para inibir o desmatamento e gerar valor para a floresta em pé

Conhecimento in loco

A securitizadora trabalhou na operação por seis meses e levou os investidores para conhecer in loco a coleta do coco de babaçu e o processamento na Tobasa. A experiência contou com visitas a um grupo de quebradeiras de coco e até com a degustação do gongo, ou coró, uma larva que se desenvolve e se alimenta do fruto do babaçu.

O CRA tem prazo de cinco anos, com juros mensais e amortização do principal a partir do 30º mês. Cerca de 55% dos recursos serão usados para quitar uma dívida. O restante será investido em tecnologias na indústria e como capital de giro para pagar os fornecedores que atuam em um raio de 300 km da sede em Tocantinópolis (TO), no extremo norte do Estado.

Aproveitamento total

A Tobasa é uma bioindústria que faz o aproveitamento integral do coco de babaçu (das fibras até as amêndoas) em parque industrial de 175 mil metros quadrados. A empresa compra o fruto dos agroextrativistas e o transforma, principalmente, em carvão ativado – produto usado em filtros de água residenciais e na cadeia de saneamento básico.

O fruto também vira óleo, torta proteica, biomassa para a geração de energia, farinhas amiláceas e álcool amiláceo. Com o CRA, a Tobasa quer aumentar em até 30% a compra de coco, hoje de 55 mil metros cúbicos anuais, e produzir 5,5 mil toneladas de carvão ativado ao ano.

A extração do coco de babaçu que a Tobasa processa ocorre em 150 mil hectares da palmeira e florestas adjacentes e em áreas de agroflorestas, consorciadas com pastagens para pecuária. Cerca de 80% da produção ocorre entre junho e janeiro. “A operação valoriza economicamente a floresta e ajuda a conservá-la. O objetivo principal é gerar valor econômico

para a palmeira, para que ela não precise ser cortada”, afirma o diretor-presidente, Edmond Baruque Filho.

Fundada há 54 anos, a Tobasa é “ESG raiz” e quer inaugurar uma nova era de investimentos em bioeconomia, diz Baruque.

Para isso, a indústria precisa estar equipada com tecnologia para agregar valor ao fruto, fomentar a cadeia e manter a floresta em pé. “Se o coco se valoriza, o agroextrativista e o fazendeiro passam a ser fiscais da floresta, os primeiros a não querer um desmatamento irracional”.

Acesse a matéria original aqui.